Em Moçambique, o setor da educação luta
contra relógio para salvar o ano letivo 2020, interrompido em março pela
pandemia. Mas analistas e políticos sugerem que se salvem vidas no lugar de
salvar o ano letivo.
O Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano já há muito tempo proibiu o uso de novas tecnologias nas salas de aula,
para o ensino e aprendizagem, sobretudo no ensino secundário. Hoje, essas
tecnologias são necessárias para salvar o ano letivo 2020, comprometido por
causa da nova corona vírus.
O comunicólogo e professor
universitário Sérgio Langa sugere por isso que se faça um investimento neste
campo, como "um aluno, um tablet" e "salas virtuais
equipadas".
"Porque não há-de valer
a pena assumirmos que as aulas vão iniciar quando materialmente não preparamos,
sobretudo as camadas mais desfavorecidas. Aqui nós podemos pensar num projeto
um aluno, um tablet. É apenas um exemplo que estou a dar mas tudo para garantir
que o aluno tenha um dispositivo eletrônico a partir do qual possa aceder às
aulas", explica Langa.
Respeito à ciência
Mesmo se a decisão de salvar
o ano for política, e até se for para anular o ano letivo, o Governo não pode
desviar o foco que é salvaguardar a ciência, alerta Langa.
"É preciso respeitar as
decisões políticas porque existe algo mais forte por detrás delas. Mas não
podemos perder de vista que é importante também que as decisões a serem tomadas
neste contexto da academia que sejam decisões que respeitam o pensamento
científico".
Se o Governo decidir retornar
as aulas o analista lembra que há comunidades, sobretudo rurais, cujas escolas
não têm agua para beber muito menos para lavar as mãos. "Então isto
pressupõe resolver a questão da pirâmide de Maslow, que é satisfazer as
necesidades básicas, para permitir que os tecidos mais desfavorecidos se
revejam nesta luta contra a Covid-19".
Preocupação dos moçambicanos
Já o deputado pela bancada
da RENAMO e professor universitário Eduardo Namburete defende que a preocupação
de todos os moçambicanos não deveria ser de salvar o ano letivo.
"Se conseguirmos fazer
com que todas as providências para evitar o alastramento da Covid-19 sejam
colocadas em prática antes ou até se conseguir salvar o ano letivo melhor, mas
a nossa preocupação não é salvar o ano letivo".
Quando faltam apenas quatro
meses para terminar o ano letivo, interrompido em março último, nada resta ao
país, segundo Namburete, se não repensar o próximo ano. Para o deputado e
professor, "seria ilusório graduar estudantes que não estudaram
praticamente". "O ideal e o mais lógico seria anular o ano letivo e
ninguém vai morrer porque perdemos o ano letivo", defende.
O também político e
professor universitário Silvério Runguana, falando ao canal privado STV,
defendeu que se deve encontrar meios para o retorno as aulas presenciais.
"Não restam dúvidas que
eu continuo a acreditar que temos que encontrar uma maneira de pôr as aulas a
funcionar. E se não terminar este ano e no próximo ano vamos continuar a dizer
que as nossas escolas não têm condições?", questionou.
por: Romeu da Silva (Maputo)
Fonte: sapo
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