Zambézia regista fraca adesão de estudantes ao reinício das aulas nas universidades. Ao contrário de outras regiões, província não reabre institutos técnico-profissionais como autoriza decreto para o "reinício faseado".
O reinício das aulas do ensino
superior na Zambézia foi marcado por receio e fraca adesão. Ouvidos pela
reportagem da DW África, alguns estudantes sentem medo de usar o transporte
público devido ao elevado número de pessoas nos veículos. Além disso, destacam
temerem o fato de muitos colegas virem de regiões com número maior de infeções
pelo coronavírus.
"O sentimento é de medo
devido à pandemia. Temos colegas que estão a sair de outras províncias para cá,
mas estamos a comparecer para ver o que vai acontecer", diz um estudante
da Universidade Licungo.
Há três meses, escolas e
universidades foram encerradas em Moçambique devido à pandemia de Covid-19. Em
obediência ao decreto presidencial, o chamado "reinício faseado" das
aulas foi programado para esta terça-feira (18.08), com o retorno das
atividades das universidades e instituições do ensino técnico-profissional.
No entanto, na Zambézia, as
aulas presenciais reiniciaram somente nas universidades com estudantes do
quarto ano e dos cursos de pós-graduação. Os institutos técnico-profissionais
ainda não receberam autorização para retomar às atividades. O
diretor-provincial do Ensino Superior e Técnico-Profissional da Zambézia,
Cardoso Meque, lembra que a comunicação presidencial não se referia ao dia 18
como uma data indicativa para o regresso de todas as instituições.
"Neste momento, recebemos
a validação de três instituições de ensino superior - a Unilicungo, a
Politécnica e a UCM - e essa validação é exclusiva para os estudantes do quarto
ano. [Estas] são as instituições que têm autorização para iniciar. Há um
esforço para diminuir o fluxo de estudantes para avaliar se as fases seguintes
se justificam ou não", explica Meque.
Não há pressa?
O analista Ricardo Raboco
defende que não deve haver pressa para abrir as instituições porque o mais
importante é salvar vidas. "Perdermos o tempo, mas continuarmos vivos. [É
melhor] do que caminharmos para uma calamidade pública. Esta medida tem que ser
bastante ponderada e repensada se avaliarmos pelo exemplo de outros países que
tentaram reabrir as escolas e, dias depois, os números dispararam",
ressalta.
Com o reinicio das aulas
presenciais, as autoridades de Saúde na província da Zambézia recomendam que as
cantinas nas universidades estejam encerradas. Quem quiser comer ou lanchar na
universidade deve preparar os alimentos em casa.
A troca de copos, pratos ou
valores monetários constitui um perigo para os estudantes, segundo Anibal dos
Santos, especialista em Saúde publica na Direção Provincial da Saúde da
Zambézia.
"Relaxamento é uma
palavra. Não significa relaxar sobre as medidas de prevenção ao coronavírus,
como todos sabemos. O coronavírus continua em circulação e o número de casos
continua a aumentar. As cantinas com vendas internas, sugerimos que sejam
abolidas. As cantinas devem existir, mas temos que proibir a venda por causa da
troca de produtos, focos de propagação do coronavírus", alerta Santos.
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