Eleições quezilentas, liberdades afetadas, problemas em Cabo Delgado ou o sempre presente conflito entre a RENAMO e a FRELIMO, partido no poder, têm sido algumas das pedras no sapato da democracia moçambicana nos últimos 30 anos
O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), ONG
moçambicana, e o Ministério da Justiça do país lançaram, esta quinta-feira, em Maputo, as celebrações oficiais dos 30 anos de democracia
pluripartidária.
Políticos e sociedade civil
apontam as eleições e as constantes violações dos direitos humanos no país, bem
como sucessivos retrocessos na liberdades de imprensa e de expressão
como algumas dos problemas existentes nos últimos 30 anos. Ao portal Voa
Português, o ativista Tomás Vieira Mário identifica diversos desafios. “A
qualidade eleitoral é muito sofrida ainda. Temos eleições muito problemáticas,
os órgãos eleitorais constituídos de forma não consensual, revisões constitucionais
feitas sobre o joelho nas vésperas das eleições. Tudo isto tira a
qualidade das eleições”, analisa
Por sua vez, o IMD lembra
que ainda falta confiança na sociedade civil. “Por exemplo, nas eleições
passadas, o que tivemos é que, apesar de alguns partidos terem levado algumas
reclamações ao Conselho Constitucional, o resultado que de lá saiu não lhes
agradou e, por outro lado, para além de ter lhes desagradado, já
tínhamos esta questão que é recorrente, que é a falta de confiança nessas
instituições,” relata o diretor-executivo da ONG, Hermenegildo Munjovo, ao
Voa Português.
Em 1994 realizaram-se as
primeiras eleições multipartidárias de onde saiu vencedor Joaquim Chissano e a
FREMLIMO. O resultado foi contestado pela RENAMO e pelo seu histórico líder
Afonso Dhlakama. Aliás, o grande entrave ao normal desenrolar da democracia em
Moçambique é precisamente o constante atrito entre os dois maiores partidos do
país. Ambas as partes, entretanto, assinaram um acordo de paz há um ano, mas
ainda há relatos de confrontos no centro do país.
Outra questão preocupante,
relata o Voa Português, é a liberdade de expressão. Ao longo dos anos, muitos
jornalistas têm-se queixado de perseguição e, alguns, infelizmente acabaram por
ser mortos por estarem, simplesmente, a fazer o seu trabalho. O caso do
jornalista Carlos Cardoso – assassinado em Maputo em 2000 – é o ponto alto
negativo dessa perseguição aos jornalistas moçambicanos.
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