Assembleia da República encoraja liderança da RENAMO a dialogar com a auto-proclamada Junta Militar de antigos guerrilheiros dissidentes. Mas Junta Militar recusa contato com maior partido da oposição moçambicana.
Através
da Comissão de Defesa e Segurança, a Assembleia da República de Moçambique
encorajou a liderança da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) a persistir
nos contactos com a auto-proclamada Junta Militar, composta por antigos
guerrilheiros dissidentes desse partido.
O
objetivo é convencê-los a deporem as armas e fazerem parte do processo de
desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) em curso. Entretanto, a Junta
Militar recusa-se a manter qualquer contacto com o maior partido da oposição, a
RENAMO.
A
comissão parlamentar de Defesa e Segurança, liderada pela deputada Diolinda
Chochoma, constatou na última sexta-feira (28.08) que as Forças de Defesa e Segurança
(FDS) - no terreno para garantir a segurança das comunidades na província
central de Sofala - continuam implacáveis contra os inimigos da paz.
Contudo
reconhece ser difícil combater a auto-proclamada Junta Militar da RENAMO porque
os seus membros estão inseridos nas comunidades.
Segurança
Segundo
Diolinda Chochoma, "a segurança na província de Sofala está calma na
medida em que há circulação de pessoas e bens". No entanto, ela reconhece
que "existem realmente esses ataques da dita Junta Militar da
RENAMO", embora "o trabalho esteja a andar, com as Forças de Defesa e
Segurança a trabalhar".
"Como
disse, estão com uma força e cientes de que o nosso povo não pode viver na
insegurança", explica Chochoma.
A
parlamentar considera que a única solução para pôr o fim à instabilidade nas
províncias de Sofala e Manica é incluir os desertores da RENAMO no processo do
Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros do
partido. Além disso, a seu ver, esta missão cabe apenas à liderança do maior
partido da oposição moçambicana.
"Apelar
à liderança da RENAMO para continuar com a sensibilização. Estão a sensibilizar
mas [é preciso] continuarem com a sensibilização e mobilização para aqueles
poucos, ou muitos, que ficaram com Nhongo. E que venham juntar-se àqueles que
estão à espera do DDR, a acontecer, e que muitos estão a fluir", explicou.
Por
sua vez, Ossufo Momade, presidente do maior partido da oposição, a RENAMO, já
declarou em público que não há espaço para negociação com o grupo liderado por
Mariano Nhongo e recomenda o regresso voluntário do antigo general e o grupo
por si liderado.
"Recusa de
qualquer aproximação"
Em
entrevista à DW África Mariano Nhongo, líder da auto-proclamada Junta Militar
da RENAMO, também recusa qualquer aproximação com Ossufo Momade. Nhongo acusa-o
ainda de ser traidor e extende a acusação a André Majibiri, secretário-geral do
partido.
"Não
temos mais 'paciência em ir pedir paciência' [favor] aos traidores, porque
ninguém da Junta Militar da RENAMO vai ter com o Majibiri. Alguma vez ele
disparou [uma] arma?", questionou Nhongo, acrescentando: "Nós
conhecemos a ele [Majibiri], recusamo-lo quando era jovem, em 1989".
"Ossufo
saiu da FRELIMO, foi capturado. Os dois combinaram para destruir a RENAMO. Mas
a RENAMO não é destruída. Não temos mais tempo para nos ajoelhar [diante do]
camarada, em frente à FRELIMO [...] Ajoelhar, pedir favor para quê? Nós vamos
bater a FRELIMO até levar todas armas", acrescentou o líder da Junta
Militar.
Enquanto
continuam as trocas de acusações entre entre o Governo da FRELIMO, a Junta
Militar e a RENAMO, prosseguem os raptos, assassinatos e ataques armados nas
províncias de Sofala e Manica.
No
último domingo (30.8) foi registado um ataque armado contra um autocarro, que
culminou no ferimento de dois passageiros. O incidente ocorreu na zona
limítrofe entre Chibabava e Machanga, no sul da província de Sofala, antigo
palco de confrontos militares entre os anos de 2013-2017.
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